Por Rafaela Silva e Lucy oliveira
Já parou para olhar no mercado de trabalho quantas mulheres ocupam um lugar de liderança? Num primeiro olhar parece que são muitas, mas, apesar de avanços nas últimas décadas, a diferença salarial e de posições entre homens e mulheres no Brasil ainda é significativa. Levantamento do Banco Mundial, em 2020, mostrou que o Brasil ocupa o 130º lugar em igualdade salarial entre gêneros num total de 153 países.
Quando olhamos para os cargos de liderança, um levantamento da BR Rating, cobrindo 486 empresas de 200 a 10 mil funcionários – no Brasil e no exterior – apontou que apenas 3,5% delas têm CEO mulheres. Em cargos de diretoria e gerência, o percentual melhora, mas chega a apenas 16% e 19%, respectivamente.
Para as que chegam lá, o caminho ainda traz mais desafios. O Instituto Ipsos, em 2019, demonstrou que três em cada 10 brasileiros se sentem desconfortáveis em ter uma mulher como chefe (Pesquisa “Atitudes Globais pela Igualdade de Gênero”). Além disso, de acordo com a pesquisa de Bain & Company em parceria com LinkedIn, de 2019, mulheres são:
- 1,7 vezes mais propensa a não ser considerada para uma oportunidade em relação aos homens por serem vistas como não flexível ou com baixo comprometimento;
- 1,6 vezes mais propensa a receber remuneração menor do que os homens em posições semelhantes;
- 1,5 vezes mais propensa a não ser considerada para uma posição/oportunidade por conta de diferenças no estilo de liderança ou de relacionamento interpessoal.
A divisão sexual do trabalho – construída historicamente a partir da atribuição da atuação feminina ao âmbito privado e a masculina ao campo público – afastou, por muito tempo, as mulheres de posições no trabalho remunerado e, mais ainda, de posições de destaque no ambiente corporativo.
Apenas no século XX e com muitas mobilizações e pressões dos movimentos, é que as mulheres começam a atuar na vida pública de forma mais contundente, com conquistas como acesso à educação formal, ao voto e também ao mercado de trabalho, que ocorrem em ritmos diferentes ao redor do mundo. Enquanto no Brasil, o voto feminino é uma conquista da década de 1932, por exemplo, na Suíça o sufrágio feminino em nível federal só é instituído na década de 1970, exatos 123 anos depois de sua constituição.
E a herança dessa estrutura – em seus diferentes níveis e ainda vigente – torna-se um desafio de governança para as empresas e de reflexão na sociedade. De fato, um país e um mercado que se enxergue competitivo, mas também responsável socialmente, tem hoje novas oportunidades: a chegada cada vez maior de mulheres a espaços de formação, educação e ao mercado de trabalho traz consigo o ingrediente necessário para construir esse futuro mais equitativo e sustentável.
Ficou curiosa, curioso, curiose para saber mais? A gente fez uma seleção de matérias que tratam do tema nos links aqui abaixo e na nossa curadoria especial.
VOTO FEMININO NA SUIÇA
https://veja.abril.com.br/cultura/sufragio-feminino-conduz-trailer-de-indicado-da-suica-ao-oscar/
BARREIRAS PARA A MULHERES NO MERCADO DE TRABALHO
PESQUISA
https://www.politize.com.br/equidade/blogpost/mulheres-e-o-mercado-de-trabalho/