ISSN 2222-2222 - Ano 21 - Edição nº 111

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As empresas que não tiverem habilidade em coletar e analisar dados estarão fora do mercado!

André Palis, fundador da Raccoon, em palestra sobre Marketing digital, Empreendedorismo e inovação para o ITI MBA.

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André Palis é fundador e CEO da Raccoon Marketing Digital, que recentemente anunciou a fusão com um dos maiores grupos de telecomunicação do mundo. Ele conversou com os alunos no encerramento do MBA em Informação, Tecnologia e Inovação para Negócios, a primeira turma do ITI UFSCar.

André nasceu em Ituiutaba-MG, uma cidade do interior, e sempre sonhou em ir para São Paulo-SP, o maior centro dos negócios da América Latina. Para realizar seu sonho, depois de se graduar em Administração pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em 2008, prestou diversos processos seletivos para programas de trainee, pois acreditava ser o caminho para entrar em uma grande empresa, entretanto, não obteve aprovação em nenhum deles. 

Já desanimado com seu plano inicial, se tornou jogador profissional de pôquer e permaneceu nessa rotina por quase um ano. Um conhecido da família, depois de ouvir sua história, decidiu ajudá-lo e conseguiu uma entrevista em uma empresa de São Paulo. André conseguiu a vaga e permaneceu nesse emprego por dois anos, entretanto, isso despertou um grande sonho da sua vida que era trabalhar no Google. Conseguiu uma entrevista através de uma amiga e conquistou a vaga. Acabou se decepcionando com as perspectivas de crescimento na empresa. Ainda no Google, conheceu Tulio Kehdi e juntos decidiram pedir demissão para abrir uma startup.

A ideia da Raccoon nasceu da observação da insatisfação dos clientes no relacionamento com as agências e como elas não entregavam todos os resultados possíveis. Percebendo que em São Paulo a concorrência seria muito grande, foram para São Carlos-SP, onde seria uma base mais segura para começar. Oito anos depois, com o time de mais de mil e cem pessoas e mais de 300 clientes, a Raccoon teve recorde de faturamento em 2020 e em 2021 anunciou a fusão do Grupo com S4 Capital & MightyHive, um dos maiores grupos de comunicação do mundo.

Após a palestra, André respondeu a perguntas sobre marketing digital e sua trajetória no empreendedorismo

Qual é a sua perspectiva sobre o futuro do marketing digital e quais mudanças podemos esperar para os próximos anos?

É uma pergunta bem ampla e difícil de dar uma resposta exata, mas tem alguns caminhos que podemos enxergar. O primeiro deles é que agora chegou a hora, de fato, de precisarmos do uso de dados para sobreviver. Embora seja uma conversa antiga, estamos chegando em um momento em que mudanças significativas vão ocorrer. Uma delas é o desuso dos cookies, pois há toda a questão de privacidade de dados sendo implementada em todos os lugares.

Dessa forma, diminui-se a responsabilidade das grandes empresas, como Google e Facebook, de serem os detentores dos dados. Então se a empresa não tiver a capacidade de coletar e analisar dados, transformar e reconectar esses insights para melhorar sua maneira de fazer marketing, será eliminada do mercado, com toda certeza. Outro movimento que podemos observar é a integração de todos os serviços e campanhas, de forma que não se procura mais por várias agências, cada uma especialista em um tipo de serviço, mas sim uma única empresa que supra todas essas demandas.

Isso coloca uma pressão muito grande no próprio mercado, por ser um processo mais complexo e que requer mais investimento e disciplina. Um terceiro movimento que eu acho que vai acontecer é referente à complexidade do marketing digital. Hoje temos Google e Facebook como dois grandes dominadores deste mercado, dominando-o quase por inteiro. Agora imagine esse mercado dominado por mais empresas, cada uma com um percentual e você tendo que aprender a lidar com as ferramentas de cada uma e investir tempo para aprender a conectar todas elas. Já podemos ver uma mudança no cenário, como por exemplo o Pinterest, Tiktok e Kwai vindo com força no Brasil. Com isso, podemos imaginar uma infinidade de ferramentas, ideias e maneiras diferentes de lidar com marketing digital.

Você acha que o caminho dos dados das mídias digitais confluem com Internet of Things (IoT)?

Quando ouvi sobre IoT pela primeira vez, há dez anos, eu tinha certeza que hoje em dia minhas roupas estariam conectadas à internet e me avisariam quando precisam ser lavadas. Mas o fato de isso não ter acontecido ainda não quer dizer que não vai acontecer e com força total. Onde o marketing digital tem tanto sucesso é em utilizar dados para agir de forma mais inteligente e eficiente. Quanto mais dados e informações, mais eficiente é possível ser. Um movimento que já está acontecendo é o de empresas que vivem de mídias, como Google e Facebook investindo forte nisso. O Google comprou o Fitbit, pulseira inteligente para exercícios físicos, pois sabem que dados de saúde são importantíssimos. Então essas coisas vão continuar acontecendo e vão fazer parte do dia a dia da agência na hora de montar a estratégia de marketing digital.

Atualmente, quais são os maiores desafios da Raccoon?

O nosso maior desafio hoje é referente às pessoas, embora tenhamos uma vantagem muito grande que é o fato de sermos uma Training Company. Então nós não esperamos o mercado formar as pessoas e isso tem uma vantagem significativa que, inclusive, nos diferencia das agências tradicionais. Ainda sim, é muito difícil treinar uma grande quantidade de pessoas e isso nos coloca fora da nossa zona de conforto. A nossa estratégia tem sido criar times mais sêniores que, com menos pessoas, conseguem dar conta do recado.

Você teve algum momento de crise, onde tudo parecia que não daria certo, na sua trajetória de empreendedorismo? Se sim, como lidou com isso?

Eu tenho uma tendência forte a ser palestrante motivacional, porque eu acho fantástico esse tema. Eu gosto muito de conversar com pessoas que não acreditam nos seus projetos ou sonhos e fazer com que saiam com uma energia diferenciada. Sinceramente, eu sempre tive sonhos muito obstinados do que eu queria fazer, mas ao mesmo tempo eu achava que eram impossíveis. Me lembro de pensar que nunca trabalharia no Google, por exemplo. E conforme eu fui realizando alguns desses sonhos, me tornei mais ousado em sonhar maior, e é um processo que não tem fim.

Então não pensem que um sonho é impossível, tirem isso da cabeça. Não significa que será fácil, mas com muito esforço é possível. Um período que foi desesperador foi o começo da pandemia, pois nós não sabíamos quando terminaria e todos os dias clientes diminuíam ou cancelavam seus contratos. E nós pensamos que teríamos que demitir muitas pessoas e que a empresa quebraria se a situação continuasse daquela maneira. Felizmente, todas as minhas previsões estavam erradas.

Eu achava que em home office o desempenho do pessoal cairia muito e pelo contrário, o rendimento foi muito bom e eles conseguiram entregar bons resultados. O que nós caímos nesse começo de pandemia, conseguimos subir muito mais depois e negociamos com empresas muito maiores. Por isso eu falo muito sobre sorte e gratidão, são coisas que eu não controlo e aconteceram na minha jornada.

Qual foi o diferencial da Raccoon nas estratégias de prospecção de clientes em meio a um mercado já tão concorrido?

Uma coisa que eu sempre falei muito é que se você não tiver uma história muito bacana para contar, vai se tornar mais um na multidão. É necessário ter um olhar diferente e ver coisas que as outras pessoas não estão vendo. Nós tínhamos isso, éramos executivos do Google, víamos os problemas e saímos para resolver esses problemas e contamos com algumas estratégias: investir em tecnologia, ir para um lugar onde pudéssemos contratar mão de obra barata e transformá-la em um nível de serviço maior e também adotamos o modelo de receber por performance no começo. Com isso, fechamos muitos contratos e superamos as expectativas, o que nos deu possibilidade de crescimento na época.

Sendo a Raccoon uma empresa que surgiu de uma ideia inovadora, quais são as estratégias para gerir a inovação? Isso está de alguma forma vinculado à diversidade? 

Nós sempre acreditamos que a inovação tinha que estar em todos os lugares e é um ciclo de coisas que precisam acontecer. Primeiro, é necessário ter uma confiança muito grande no seu time e o seu time em você, o que gera autonomia, e esse ciclo precisa estar muito bem estabelecido. Tomando como exemplo a nossa gerência, embora existam regras, os gerentes têm muita autonomia de como desenvolver suas equipes, conduzir reuniões,  criar estratégias novas para os clientes e etc. Então nós acreditamos que para a inovação acontecer, ela precisa ser rápida e envolver a empresa toda. Sobre diversidade, já não somos mais uma empresa composta só por engenheiros, como era no começo.

Com o movimento de adicionarmos novos serviços a nossa área de Inbound, onde têm social media, criação de conteúdo, criação de peças, é uma área bem mais publicitária. E por isso começamos a contratar pessoas dos cursos de Letras, Publicidade, Design, entre outros para estruturar esse time que hoje conta com mais de 200 pessoas. Assim, a empresa foi ficando mais diversa e sempre tomamos esse cuidado com a diversidade, principalmente por o curso de engenharia ser um ambiente predominante masculino.

Buscando a igualdade, abrimos processos seletivos exclusivos para mulheres e hoje temos um time mais misto. E sempre pregamos sobre a diversidade, pois sabíamos que para construir uma empresa de sucesso as pessoas tinham que querer trabalhar nela e para isso precisam se sentir à vontade para serem elas mesmas. Desde o começo demos muita liberdade e sabemos que sem isso não teríamos chegado até aqui, se não tivéssemos construído essa cultura.

Você percebe um movimento de aplicação do marketing digital para o agronegócio?

O marketing digital funciona de acordo com a atenção das pessoas, ou seja, onde está a maior atenção das pessoas é onde tem-se maior possibilidade de sucesso. Muito se fala sobre marketing digital ser para o público jovem, mas na verdade todo mundo passa o tempo todo no celular, todo mundo consome vídeo no YouTube, todo mundo recebe e-mails, entra no Facebook, etc. Então, por mais que o seu público não tenha  ainda uma tranquilidade em fazer as compras por meio digital, eles consomem o digital.

Dessa forma, é possível construir e posicionar sua marca, se conectar com essas pessoas e se apresentar como uma opção viável para depois efetuar uma venda de maneira mais tranquila. Tem mercados que são mais difíceis, mas o “decisor” está no digital. Pode dar um pouco mais de trabalho para achar onde ele está e como impactar, mas ele está no digital. Outra coisa que precisamos pensar é que o agora é esse mas qual é o futuro? O futuro são os herdeiros dessas terras que nasceram cem por cento digitais e favorecem o digital. Essas pessoas têm tranquilidade em fazer compras online, então eu não vejo como fronteira.

Por fim, André Palis nos deixa a história da sua trajetória de sucesso junto a uma mensagem de inspiração para não desistirmos dos nossos sonhos. Para ele, tudo que for feito com objetivo e de corpo e alma é possível de ser realizado. Mas e você, se sentiu motivado a pôr em prática aquela ideia que estava na gaveta?

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